
Perguntar se o impeachment foi golpe ou não, é mais ou
menos como perguntar “bolacha ou biscoito?” (Em tempo: é óbvio q é bolacha.)
O golpe de estado se caracteriza pela subversão da ordem
constitucional. Quem diz isso não sou eu, é Aurélio Buarque de Holanda
Ferreira. Para metade do país, houve subversão na atribuição de crime de
responsabilidade à presidenta deposta. Para a outra metade, houve subversão no
desmembramento da votação, que acabou por preservar a elegibilidade da
presidenta deposta. E isso não exclui aqueles que, como eu, pensam que houve
subversão em ambas as decisões. Então, uma coisa que não pode ser negada por
ninguém é que houve um golpe de estado.
Mas se você se incomoda com a nomenclatura, proponho outra
via de raciocínio: substitua-se a palavra “golpe” por, digamos, “sacanagem”.
Agora, deixando de lado a insatisfação geral com os governos Dilma,
perguntemo-nos: a aceitação do pedido de impeachment por mera retaliação do
então presidente da Câmara foi muita ou pouca sacanagem? E quanto ao
desmembramento do processo e às duas votações discrepantes levadas a cabo por
parlamentares evidentemente de rabo preso com o que há de mais sujo na política
nacional, foi muita ou pouca sacanagem? Foi muita ou pouca sacanagem a
aprovação da lei que autoriza as “pedaladas” imediatamente após o afastamento
definitivo da presidenta? Respondidas essas questões, podemos retraduzir: o
impeachment foi muito golpe ou pouco golpe?
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