Todo mundo já conhece a diferença entre voto branco e voto
nulo: são aqueles que não têm mais diferença nenhuma depois da invenção da urna
eletrônica. Mas qual a diferença entre o voto nulo e o voto contra? É que o
voto nulo também é um voto contra, mas é mais genérico: ele é contra todos os
candidatos igualmente, enquanto que o voto contra, propriamente dito, é contra
um candidato específico. Ele acontece quando a rejeição a um candidato A é muito maior que a rejeição a um candidato B. Ou C, ou D, tanto faz. Por isso é que faz muita diferença dizer que votou no Aécio ou que votou contra a Dilma. Ou vice-versa.
E quanto ao voto útil? Bom, voto útil é aquele em que você deixa
de votar no candidato que você aprova, para votar em um que você rejeita mas que
pode impedir a vitória de outro que você rejeita mais ainda. Quer dizer que o
voto útil também é um voto contra, e o voto contra também é um tipo de voto
útil. A principal diferença é que o voto útil é típico do primeiro turno, enquanto
que o contra é típico do segundo. Ou, pelo menos, era assim até na última eleição.
Agora estamos inaugurando uma prática nova: o voto contra já no primeiro turno.
Os dois primeiros colocados sofrem tanta rejeição que a
maior parte dos seus votos são apenas votos contra o seu opositor, enquanto os
candidatos com algum nível de aprovação ficam todos bem abaixo nas pesquisas. Os outros dois candidatos que ainda disputam uma vaga no segundo turno, a propósito, insistem
em que só eles podem derrotar aqueles dois primeiros, ou seja, eles estão
disputando justamente esses votos contra, de modo a garantir que, no final do processo, todo mundo fique decepcionado.
Que lição podemos tirar disso? A
única que me ocorre é aquela que já foi ensinada por uma das mentes de maior
expressão no nosso cenário político: “não acho que quem ganhar ou quem perder,
nem quem ganhar nem perder, vai ganhar ou perder. Vai todo mundo perder.” E
teve gente que riu quando ela falou isso!
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